MEDITANDO O NATAL COM SÃO JOSEMARIA

ALGUNS TEXTOS DE SÃO JOSEMARIA, SELECCIONADOS ENTRE MUITOS
Chega o Natal

O Natal mostra-nos onde se esconde a grandeza da Deus: num estábulo, numa gruta. "Deus humilha-Se para que possamos aproximar-nos d'Ele, para que possamos corresponder ao seu Amor com o nosso amor"
(S. Josemaria, Cristo que passa, 18).
É Natal
"Um ano que termina"
Quando recordares a tua vida passada, passada sem pena nem glória, considera quanto tempo perdeste, e como podes recuperá-lo: com penitência e com maior entrega.
(Sulco, 996).
"Humildade de Jesus: em Belém, em Nazaré, no Calvário..."

Humildade de Jesus: em Belém, em Nazaré, no Calvário... Porém, mais humilhação e mais aniquilamento na Hóstia Santíssima; mais que no estábulo, e que em Nazaré, e que na Cruz. Por isso, que obrigação tenho de amar a Missa! (A "nossa" Missa, Jesus...)
(Caminho, 533).
"Diante de Deus tu és uma criança"

Diante de Deus, que é Eterno, tu és uma criança mais pequena do que, diante de ti, um miúdo de dois anos. E, além de criança, és filho de Deus. – Não o esqueças.
(Caminho, 860).
"Servir o Senhor no mundo"

Repara bem: há muitos homens e mulheres no mundo, e nem a um só deles o Mestre deixa de chamar. Chama-os a uma vida cristã, a uma vida de santidade, a uma vida de eleição, a uma vida eterna.
(Forja, 13).
"Jesus ainda está à procura de pousada"

Jesus nasceu numa gruta em Belém, diz a Escritura, "porque não havia lugar para eles na estalagem". Não me afasto da verdade teológica, se te disser que Jesus ainda está à procura de pousada no teu coração.
(Forja, 274).
"Ele já nasceu"

Natal. Cantam: "venite, venite...". – Vamos, que Ele já nasceu. E, depois de contemplar como Maria e José cuidam do Menino, atrevo-me a sugerir-te: – Olha-o de novo, olha-o sem descanso.
(Forja, 549).
"Deus humilha-se"

E, em Belém, nasce o nosso Deus: Jesus Cristo! Não há lugar na pousada: num estábulo. – E Sua Mãe envolve-O em paninhos e reclina-O no presépio (Lc 11, 7) . Frio. – Pobreza. – Sou um escravozito de José. – Que bom é José! Trata-me como um pai a seu filho. – Até me perdoa, se estreito o Menino entre os meus braços e fico, horas e horas, a dizer-Lhe coisas doces e ardentes!... E beijo-O – beija-O tu – e embalo-O e canto para Ele e chamo-Lhe Rei, Amor, meu Deus, meu Único, meu Tudo!... Que lindo é o Menino... e que curta a dezena! (Santo Rosário, Mistérios Gozosos, 3º).
"Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?"

A humildade é outro bom caminho para chegar à paz interior. – Foi Ele que o disse: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração... e encontrareis paz para as vossas almas".
(Caminho, 607).
"Devemos santificar todas as realidades"

A tua tarefa de apóstolo é grande e formosa. Estás no ponto de confluência da graça com a liberdade das almas; e assistes ao momento soleníssimo da vida de alguns homens: o seu encontro com Cristo.
(Sulco, 219).
"Cristo diz-me a mim e diz-te a ti que precisa de nós"

Devoção de Natal. – Não sorrio quando te vejo fazer as montanhas de musgo do Presépio e dispor as ingénuas figuras de barro em volta da gruta. – Nunca me pareceste mais homem do que agora, que pareces uma criança.
(Caminho, 557).

Noite de Natal

Foi assim a primeira Noite de Natal: "Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na pousada" (Lc 2, 7). Em silêncio, veio Deus ao Mundo, criado por Ele. Em silêncio, nós deixámos que Ele nascesse numa gruta. Naquele presépio escuro e frio, o boi e a vaca não estão a mais. Não são um simpático adorno natalício para tornar a gruta mais quente e acolhedora. Aquela húmida cova é a casa deles. É o seu lar. Jesus, Maria e José é que estão lá a mais. Estão lá porque não havia lugar para eles na pousada. Não havia lugar para Deus no Mundo criado por Ele.

Quantas pessoas celebram o Natal sem um lugar para Deus na sua vida! Parece que o aniversariante atrapalha um pouco a festa. O Natal acaba por reduzir-se à festa da alegria, à festa da paz, à festa da família. Tudo isso é verdadeiro, mas não é a essência do Natal. A essência do Natal é a vinda de Deus ao mundo. É o aniversário de Jesus Cristo.

Por isso, cada Natal devia representar para nós um novo encontro pessoal com Deus. Deus que se fez uma criança para que nos aproximemos d'Ele com confiança. O Natal fala-nos de alegria. Da alegria de nos sabermos filhos de Deus. O Natal fala-nos de paz. Da paz que procede de deixar que Deus nasça no nosso coração. O Natal é também a festa da família. Da família dos filhos de Deus nesta Terra. Isso é a Igreja. No entanto, o Natal perde o seu sentido mais profundo se nos esquecemos do aniversariante.

"Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura". Tão simples acontecimento é a medida do nosso tempo. Contamos os anos a partir dessa Noite Santíssima, dessa Noite Feliz, dessa Noite de Paz. É o marco que divide a História. E porque é que Ele veio ao Mundo? Será que veio somente para facilitar a contagem do tempo? Será que veio somente para termos todos os anos uma Noite de Natal?

A resposta é do próprio Jesus: "Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o Seu Filho Unigénito, para que todo aquele que crê n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3, 16). Veio para que O recebêssemos. Veio para que acreditemos n'Ele. Veio para nos revelar que valemos muito. Veio para nos dar a vida eterna, o maior desejo que temos no coração.

"Ó Noite Santa! Tu uniste para sempre Deus e o homem. Tu nos renovas a esperança. Tu nos enches de assombro. Tu nos garantes o triunfo do amor sobre o ódio, da vida sobre a morte. No silêncio luminoso do Natal, Deus continua a falar-nos. E nós estamos prontos para ouvi-Lo" (João Paulo II).

Para todos um Santo Natal, precedido de uma boa preparação espiritual. Arranjemos a nossa pousada. Que Ele possa nascer nela na próxima Noite de Natal.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria


Recolha de António Ferreira

A RAZÃO DE SER NATAL

A noite caíra há já muito tempo…
A multidão sorria,
Festejava-se neste dia de Dezembro
Mais um Natal!
Natal de presentes
P’ra toda a criança.
Mas, como tantos outros,
Um Natal de mentira!

Estava frio,
A lua era redonda
Como que para iluminar
A festa que ia já terminar
Sem nada de novo.
Sem mesmo se falar
Que chegara o Redentor!

Alguém dissera:
“Jesus nasceu!”
Mas isso era apenas
Mais um motivo para brincar.
Ninguém ousou exclamar,
Ninguém ouviu dizer:
- Ele veio para AMAR!

A razão da alegria foi esquecida:
Deus enviou-O
Para salvar o mundo!
Jesus um dia nasceu
Para eu hoje te falar
Que Ele te pode salvar,
E não será em vão
Mais uma festa de NATAL!

Ana Sebastião

Recolha de Pe. Joaquim Mário

Noite da Natal, Sagrada Familia, Inocentes. Santa Mãe de Deus, Epifania, etc

A Noite de Natal

Terá lugar a inauguração do presépio doméstico que pode dar lugar a um momento de oração de toda a família: oração que compreenda a leitura do relato de Lucas sobre o nascimento de Jesus, (cfr. Lc 2, 1-20), em que haja cantos típicos do Natal e se eleve a súplica e o louvor, sobretudo das crianças, protagonistas deste encontro familiar;


A ceia de Natal. A família cristã que, seguindo a tradição, em cada dia abençoa a mesa e agradece ao Senhor o dom do alimento, efectuará este gesto com maior intensidade e atenção na ceia de Natal, em que se manifestam com toda a sua força a solidez e a alegria dos laços familiares.

A Missa da meia-noite (Missa do Galo), de grande significado litúrgico e de forte ascendente popular poder-se-á valorizar.

No termo da celebração poderá haver lugar para os fiéis beijarem a imagem do Menino Jesus

A Festa da Sagrada Família

Momentos de oração próprios da família cristã: A renovação da entrega do conjunto familiar ao patrocínio da Sagrada Família de Nazaré, a bênção dos filhos, prevista no Ritual e, onde for possível, a renovação dos compromissos assumidos pelos esposos, agora pais, no dia do seu casamento, e também a permuta das promessas esponsais com que os noivos formalizam o projecto de constituir uma nova família.

A Festa dos Santos Inocentes
(cfr. Mt 2, 16)
Deve ter-se presente nesse dia a fila incontável de crianças ainda por nascer e precocemente trucidadas, a coberto das leis que permitem o aborto, que é um crime abominável. Atenta aos problemas concretos, a piedade popular, em não poucos lugares, deu vida a manifestações cultuais e a formas de caridade como a assistência às mães grávidas, a adopção de crianças e a promoção da sua instrução.

O dia 31 de Dezembro

É bom reflectir sobre o «mistério do tempo» que corre veloz e inexorável. Isto suscita no nosso espírito um duplo momento: de arrependimento e de pesar pelas culpas cometidas e pelas ocasiões de graça perdidas ao longo do ano que chega ao fim; e de gratidão pêlos benefícios recebidos de Deus.

A Solenidade da Santa Mãe de Deus

No dia 1° de Janeiro celebra-se a Mãe de Deus que foi «quem nos trouxe o Autor da vida».

Entre os desejos a formular no 1° de Janeiro, emerge o da paz. O «augúrio da paz»; o «bem da paz» é sumamente invocado pelos homens de todos os tempos que, no entanto, atentam contra ele frequentemente, no modo mais violento e destruidor: a guerra.
Desde 1967, a Santa Sé decidiu celebrar no 1° de Janeiro o «Dia Mundial da Paz».

Fazer deste dia um momento intenso de oração pela paz, de educação para a paz e para os valores com ela indissoluvelmente relacionados, como a liberdade, a solidariedade e a fraternidade, a dignidade da pessoa humana, o respeito pela natureza, o direito ao trabalho, a sacralidade da vida, e a denúncia de situações injustas que perturbam as consciências e ameaçam a paz.

A Solenidade da Epifania do Senhor

A troca dos «presentes da Epifania» é um costume que mergulha as suas raízes no episódio evangélico dos dons oferecidos pelos Magos ao Menino Jesus (cfr. Mt 2, 11) e, mais radicalmente, no dom feito por Deus Pai à humanidade. É de desejar que a troca de prendas por ocasião da Epifania mantenha uma característica religiosa.
Entre nós as prendas oferecem-se no dia 25 de Dezembro, mas não deixa de ser válida a mesma consideração.

Pode-se cuidar:
- as iniciativas de solidariedade com os que vem de regiões longínquas, os imigrantes.
- a ajuda à evangelização dos povos...

Fonte: Directório sobre a Piedade popular e a Liturgia, 17.12.2001, nn, 96 e ss: Resumido e condensado: Ver Celebração Litúrgica.


Recolha de António Ferreira

CAMPANHA LAICISTA CONTRA OS CRUCIFIXOS

Um juiz de Valladolid (Espanha) sentenciou que o colégio público Macías Picavea tem de retirar crucifixos das salas de aulas. Para o juiz, a manutenção dos símbolos religiosos violaria "direitos fundamentais", consagrados na Constituição espanhola e relativos à igualdade e à liberdade de consciência.

Não falta quem veja naquela sentença uma vitória da "laicidade e da neutralidade do Estado", pouco importando que essa tese já não se debite na conta do anticlericalismo, mas na ideologia de um Estado que se propõe, como o faz o Partido Socialista em Espanha, um novo homem e uma nova sociedade, uma nova antropologia que renega a matriz cristã.

O vice-secretário-geral do PSOE, José Blanco, veio logo em defesa daquela sentença judicial, afirmando que "os colégios públicos não devem ter crucifixos porque têm de ser respeitadas as crenças de toda a gente". Como cristão, rejeitou a opinião do cardeal de Toledo, D. António Cañizares, para quem a proibição de crucifixos é uma forma de "Cristofobia".

Os socialistas pediram, no seu recente Congresso, a reforma da Lei Orgânica da Liberdade Religiosa, que inclua o desaparecimento paulatino dos símbolos religiosos dos edifícios públicos.

Na tradição cultural e espiritual dos países europeus, não se vê com clareza que um crucifixo ameace a educação ou o Estado laico. A não ser que, à Europa, interesse a progressiva perda de memória quanto a tradições e valores que lhe deram essência e modelaram a sua fisionomia. Nem isso parece que seja ofensa a outras crenças e culturas a que a Europa não se deve fechar, antes acolher, sem perda da sua identidade. Qualquer movimento intercultural não obriga alguém a renegar a sua cultura.

Tenho apreciado o esforço de renovação por que passa o jornal do Vaticano, L'Osservatore Romano. Num destes dias, o escritor espanhol Juan Manuel de Prada assinava um artigo, lamentando que, no Ocidente, se chegue a considerar ofensivo um crucifixo: "Só se pode interpretar como um sintoma alarmante de amnésia ou necrose cultural". A não ser que "a Europa esteja desorientada" e "irracionalmente prisioneira de um impulso de autodestruição", endeusando o Estado até lhe conferir "o poder absoluto sobre as almas". Seria a mais refinada tentação totalitária!

Ainda não se deram conta que o crucifixo é um belo símbolo de reconciliação e de paz?

Leiam em castelhano o poema de Santa Teresa de Jesus:

"En la cruz está la vida y el consuelo/
ella sola es el camino para el cielo./
En la cruz está el Señor de cielo y tierra/
y el gozar da mucha paz, aunque haya guerra./
Todos los males destierra de este suelo/
y ella sola es el camino para el cielo./
Es una oliva preciosa la santa cruz,que con su aceite nos unta y nos da luz./
Alma mía, toma la cruz con gran consuelo./
Que ella sola es el camino para el cielo".

* conegoruiosorio@diocese-porto.pt
Fonte: Vozportucalense.pt


Recolha de António Ferreira

DIREITOS HUMANOS SE FUNDAMENTAM EM DEUS, EXPLICA BENTO XVI

Ao recordar os 60 anos da Declaração Universal

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 10 de Dezembro de 2008 (ZENIT.org).- Os direitos humanos têm seu fundamento em Deus, declarou Bento XVI nesta quarta-feira, dia em que se celebram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O aniversário foi recordado na Sala Paulo VI com um congresso, convocado pelo Conselho Pontifício Justiça e a Paz, que culminou em um concerto interpretado pela «Brandenburgisches Staatsorchester» de Frankfurt do Oder, sob a direcção da espanhola Ihma Shara.

Após o concerto, o Papa tomou a palavra brevemente para explicar que «a dignidade de todo homem só está verdadeiramente garantida quando todos seus direitos fundamentais são reconhecidos, defendidos e promovidos».

«Desde sempre a Igreja sublinha que os direitos fundamentais, muito além de suas diferentes formulações e do diferente peso que podem ter no âmbito das culturas, são um dado universal, pois fazem parte da própria natureza do homem.»

«A lei natural, escrita por Deus na consciência humana, é um denominador comum a todos os homens e a todos os povos; é uma guia universal que todos podem conhecer e em virtude da qual todos podem compreender-se.»

«Portanto, os direitos do homem estão fundamentados em última instância em Deus criador, que deu a cada um a inteligência e a liberdade. Quando se prescinde desta sólida base ética, os direitos humanos se enfraquecem, pois ficam sem seu fundamento sólido», advertiu.

O Papa pediu que a celebração do sexagésimo aniversário da Declaração seja uma oportunidade para verificar «até que ponto os ideais, aceitos pela maior parte da comunidade das nações em 1948, são hoje respeitados nas diferentes legislações nacionais, ou mais ainda, na consciência dos indivíduos e das colectividades».

«Sem dúvida já se percorreu um longo caminho, mas ainda resta um longo vão: milhões de irmãos e irmãs nossos vêem como estão ameaçados seus direitos à vida, à liberdade, à segurança; nem sempre se respeita a igualdade entre todos nem a dignidade de cada um, enquanto novas barreiras se elevam por motivos ligados à etnia, à religião, às opiniões políticas e a outras convicções.»

O bispo de Roma concluiu pedindo que não cesse o compromisso por «promover e definir melhor os direitos do homem» e que se intensifique o esforço «por garantir seu respeito».

Fonte: zenit.org
Recolha de António Ferreira

Pregador do Papa: juízo final responde à sede de justiça

CIDADE DO VATICANO, sexta-feira, 21 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos o comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, OFM Cap. – pregador da Casa Pontifícia –, sobre a liturgia do domingo, 23 de Novembro, solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo.
"Todas as nações se reunirão diante dele"
O Evangelho do último domingo do ano litúrgico, solenidade de Cristo Rei, nos faz assistir ao ato conclusivo da história humana: o juízo universal: "Quando o Filho do Homem voltar na sua glória e todos os anjos com ele, sentar-se-á no seu trono glorioso. Todas as nações se reunirão diante dele e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda".
A primeira mensagem contida neste evangelho não é a forma ou o resultado do juízo, mas o fato de que haverá um juízo, que o mundo não vem do acaso e não acabará por acaso. Começou com uma palavra: "Faça-se a luz... Façamos o homem" e terminará com uma palavra: "Vinde, benditos... Afastai-vos de mim, malditos". Em seu princípio e em seu final está a decisão de uma mente inteligente e de uma vontade soberana.
Este começo de milênio se caracteriza por uma intensa discussão sobre criacionismo e evolucionismo. Reduzida ao essencial, a disputa opõe quem, aludindo – nem sempre com razão – a Darwin, crê que o mundo é fruto de uma evolução cega, dominada pela seleção das espécies, e aqueles que, ainda admitindo uma evolução, vêem a obra de Deus no mesmo processo evolutivo.
Há alguns dias, aconteceu no Vaticano uma sessão plenária da Academia Pontifícia das Ciências, com o tema "Olhares científicos em torno da evolução do universo e da vida", com a participação dos mais importantes cientistas do mundo inteiro, crentes e não-crentes, muitos deles prêmios Nobel. No programa sobre o evangelho que apresento em RaiUno, entrevistei um dos cientistas presentes, o professor Francis Collins, chefe do grupo de pesquisa que levou ao descobrimento do genoma humano. Perguntei-lhe: "Se a evolução é certa, ainda resta espaço para Deus?". Eis aqui sua resposta:
"Darwin tinha razão em formular sua teoria segundo a qual descendemos de um antepassado comum e houve mudanças graduais no transcurso de longos períodos, mas este é o aspecto mecânico de como a vida chegou ao ponto de formar este fantástico panorama de diversidade. Não responde à pergunta sobre por que existe a vida. Há aspectos da humanidade que não são facilmente explicáveis, como nosso senso moral, o conhecimento do bem e do mal, que às vezes nos induz a realizar sacrifícios que não estão ditados pelas leis da evolução, que nos sugerem preservar-nos a toda custa. Esta não é talvez uma prova que nos indica que Deus existe?"
Perguntei também ao professor Collins se antes ele havia acreditado em Deus ou em Jesus Cristo. Respondeu-me: "Até os 25 anos fui ateu, não tinha uma preparação religiosa, era um cientista que reduzia quase tudo a equações e leis da física. Mas como médico, comecei a observar as pessoas que tinham de enfrentar o problema da vida e da morte, e isso me fez pensar que meu ateísmo não era uma idéia enraizada. Comecei a ler textos sobre as argumentações racionais da fé que não conhecia. Em primeiro lugar, cheguei à convicção de que deve existir um Deus que criou tudo isso, mas não sabia como era este Deus. Isso me moveu a levar a cabo uma busca para descobrir qual era a natureza de Deus, e a encontrei na Bíblia e na pessoa de Jesus. Após dois anos de busca, me dei conta de que não era inteligente opor resistência e me converti em um seguidor de Jesus".
Um grande autor do evolucionismo ateu de nossos dias é o inglês Richard Dawkins, autor do livro "God Delusion", A desilusão de Deus. Ele está promovendo uma campanha publicitária que propõe colocar nos ônibus das cidades inglesas esta inscrição: "Deus provavelmente não existe: deixe de angustiar-se e curta a vida" ("There's probably no God. Now stop worrying and enjoy life"). "Provavelmente": portanto, não se exclui totalmente que possa existir! Mas se Deus não existe, o crente não perdeu quase nada; se, ao contrário, Ele existe, o não-crente perdeu tudo.
Eu me coloco no lugar do pai que tem um filho deficiente, autista ou gravemente enfermo, de um imigrante que foge da fome ou dos horrores da guerra, de um operário que ficou sem trabalho, ou de um camponês expulso de sua terra... Pergunto-me como ele reagiria a esse anúncio: "Deus não existe: deixe de angustiar-se e curta a vida".
A existência do mal e da injustiça no mundo é certamente um mistério e um escândalo, mas sem fé em um juízo final, seria infinitamente mais absurda e trágica. Em tantos milênios de vida sobre a terra, o homem se adaptou a tudo; adaptou-se a todos os climas, imunizou-se contra toda doença. Mas a uma coisa ele não se adaptou nunca: à injustiça. Continua sentindo-a como intolerável. E a esta sede de justiça responderá o juízo universal.
Este não será só querido por Deus, mas, paradoxalmente, também pelos homens, também pelos ímpios. "No dia do juízo universal, não será só o Juiz o que descerá do céu – escreveu o poeta Claudel –, mas toda a terra se precipitará ao seu encontro."
A festa de Cristo Rei, com o evangelho do juízo final, responde a mais universal das esperanças humanas. Assegura-nos que a injustiça e o mal não terão a última palavra, e ao mesmo tempo não exorta a viver de forma que o juízo não seja para nós de condenação, mas de salvação, e possamos ser daqueles a quem Cristo dirá: "Vinde, benditos de meu Pai, entrai em posse do reino preparado para vós desde a fundação do mundo".
[Tradução: Élison Santos. Revisão: Aline Banchieri]
Recolha de António Ferreira

Advento - Natal - Vida

ADVENTO

Chamamos Advento ao tempo correspondente aos 4 domingos, às 4 semanas antes do Natal. Este tempo pode ser de 22 a 28 dias, dependendo do ano e, consequentemente do dia da semana em que cai o 25 de Dezembro. Muitas tradições e conteúdos estão relacionados com esse tempo.

É o começo do Ano Litúrgico. Em 2008 começa no dia 30 de Novembro e a Liturgia deste ano corresponde ao Ciclo B.

O Advento é um tempo de expectativa, de conversão e de esperança.

Os fiéis são particularmente sensíveis às dificuldades que a Virgem Maria teve de enfrentar durante a sua gravidez e comovem-se com o pensamento de na estalagem não ter havido lugar para José e para Maria que estava para dar à luz o Menino (cf. Lc 2, 7).

A coroa de Advento

A disposição de quatro velas numa coroa de ramos sempre verdes com o progressivo acender das quatro velas, domingo após domingo, até à solenidade do Natal, é memória das várias etapas da história da salvação antes de Cristo e símbolo da luz profética que, pouco a pouco, iluminava a noite da espera expectante até ao nascimento do Sol de justiça (cf. Ml 3, 20; Lc l, 78).
A Virgem Maria no Advento

No tempo de Advento, a Liturgia celebra frequentemente e de modo exemplar a Bem-aventurada Virgem Maria, sobretudo, as novenas da Imaculada e do Natal.


NATAL

O presépio
A preparação de presépios nas habitações domésticas (em que estarão envolvidas particularmente as crianças) torna-se ocasião para que os vários membros da família entrem em contacto com o mistério do Natal e se reúnam.

A piedade popular percebe que só se pode celebrar o Natal do Senhor num clima de sobriedade e de jubilosa simplicidade, não se deixando levar pelo clima consumista, e com uma atitude de solidariedade para com os pobres e os marginalizados; a expectativa do nascimento do Salvador faz com que o povo seja sensível ao valor da vida e ao dever de a respeitar e proteger desde a sua concepção.

No tempo do Natal, a piedade popular percebe intuitivamente:

- o valor da «espiritualidade do dom», própria do Natal: «um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado» (Is 9, 5),

- a mensagem de solidariedade: com o homem pecador; com os pobres, porque o Filho de Deus, «sendo rico se fez pobre» (2 Cor, 8, 9)

- o valor sagrado da vida e o evento admirável que acontece em cada parto de mulher, dado que foi através do parto de Maria que o Verbo da vida veio para o meio dos homens e se tornou visível (cfr. 1 Jo 1, 2)

- o valor da alegria e da paz messiânica.

Há que estar atentos para que a forte tradição religiosa conexa com a Natal não se torne terreno de operações de consumismo e infiltrações de neo-paganismo.

A árvore de Natal

A inauguração da árvore de Natal. (...) símbolo fortemente evocativo, não só da árvore da vida plantada no centro do Éden (cf. Gn 2,9), mas também da árvore da cruz, assumindo assim um significado cristológico: (...) Podem juntar-se «prendas»; todavia, entre as prendas não poderá faltar o presente para os pobres, dado que fazem parte de cada uma das famílias cristãs.

FONTE: Directório sobre a Piedade popular e a Liturgia, 17.12.2001, nn, 96 e ss: Resumido e Condensado, por Celebração Litúrgica.
Recolha de António Ferreira

1º Domingo de Advento

Agora que o Senhor vem a nós, temos de preparar-nos. Quando chegar o Natal, o Senhor terá de encontrar-nos atentos e de alma bem disposta; e assim terá de encontrar-nos também no nosso encontro definitivo com Ele. Precisamos tornar rectos os caminhos da nossa vida, voltar-nos para esse Deus que vem até nós. Toda a existência do homem é uma constante preparação para ver o Senhor, que cada vez está mais perto; mas no Advento a Igreja ajuda-nos a pedir de um modo especial: Senhor, mostrai-me os vossos caminhos e ensinai-me as vossas veredas. Dirigi-me na vossa verdade, porque sois o meu Salvador.

Preparemos este encontro através do sacramento da Penitência. Pouco antes do Natal de 1980, o Papa João Paulo II encontrava-se com mais de duas mil crianças numa paróquia romana. E começou a catequese:

– Como é que vocês se preparam para o Natal?

– Com a oração, responderam as crianças gritando.

– Muito bem, com a oração, disse-lhes o Papa, mas também com a confissão. Vocês têm que se confessar para depois comungar. Farão isso?

E os milhares de crianças responderam ainda mais alto:

– Faremos!

– Farão, sim, devem fazê-lo, disse-lhes João Paulo II.

E em voz mais baixa: O Papa também se confessará para receber dignamente o Menino-Deus.

Assim o faremos nós também, nestas semanas que faltam para o Natal; com mais amor, com uma contrição cada vez maior. Porque sempre podemos receber com melhores disposições este sacramento da misericórdia divina, como consequência de termos examinado mais a fundo a nossa alma.

Fonte: Francisco F. Carvajal, "Falar com Deus", vol. I
Recolha de António Ferreira